|
|||
Homenagem a docentes recém-aposentados, que tradicionalmente acontece na Congregação da ECA, ganhou versão virtual devido à pandemia de covid-19
No dia 5 de outubro, a Direção da ECA homenageou os professores Adilson Citelli, do Departamento de Comunicações e Artes (CCA), José Batista Dal Farra Martins, do Departamento de Artes Cênicas (CAC), Marco Antonio da Silva Ramos, do Departamento de Música (CMU), e Mayra Rodrigues Gomes, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), que se aposentaram no ano passado após anos dedicados à pesquisa, à extensão e ao ensino de graduação e pós-graduação. Atualmente, todos continuam vinculados à ECA graças ao Programa de Professor Sênior, pelo qual colaboram com projetos de pesquisa e orientações de estudantes de mestrado e doutorado. A cerimônia – realizada em formato remoto devido à pandemia de covid-19 – contou com a presença de colegas da ECA, amigos e familiares. Conheça os nossos homenageados e homenageada: Adilson Citelli, o “sonhador teimoso”
Coube à professora Roseli Fígaro, colega do CCA, a homenagem ao docente. Ela lembrou a trajetória de pesquisa de Adilson Citelli – hoje centrada em estudos sobre a aceleração do tempo na produção e circulação cultural –, e de obras suas que atualmente são referência para cursos de graduação e pós-graduação. “Nós somos teimosos e você é um sonhador teimoso, crente na força das ideias para um mundo melhor”, disse Roseli. A “teimosia”, convertida em militância e compromisso com a educação pública, marcou o discurso de agradecimento do docente. Citelli lembrou as contribuições da USP durante a pandemia de covid-19 e a importância da defesa das universidades públicas diante da ameaça do PL 529/20, que classificou como mais um movimento para a “fragilização institucional” das universidades. “Eu acho que nós temos que resistir a isso e continuar honrando a trajetória da Universidade de São Paulo”, defendeu Citelli. Ao final, parafraseando poema de Carlos Drummond de Andrade, declarou: “esses faladores ingratos não vão triunfar sobre o legado da nossa Universidade”.
Mayra Rodrigues Gomes, a “contadora de histórias”
“A Mayra é uma incomparável contadora de histórias e uma grande leitora”, contou a colega Rosana Soares, ressaltando a capacidade da docente de manter uma “reflexão constante e permanente” de sua obra. Rosana lembrou também a generosidade com que Mayra abriu espaço para os trabalhos de estudantes e jovens pesquisadores, bem como sua dedicação para a formação de novos grupos de pesquisa, incentivando práticas colaborativas e participativas. Já em sala de aula, Mayra Rodrigues é capaz de “explicar pacientemente – quantas vezes forem necessárias – conceitos muito complexos por meio de exemplos cotidianos”, disse Rosana. Em seus agradecimentos, Mayra lembrou que a sua trajetória acadêmica e profissional foi quase que integramente realizada na USP, destacando a importância da universidade pública em sua vida, sobretudo, na graduação. Mayra ingressou em duas unidades da USP: a Faculdade de Direito (FD) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), o que era permitido no final dos anos 60. “Eu jamais poderia ter pago uma universidade naquela época. Se não existisse um espaço de universidade pública me oferecendo essa gratuidade, eu poderia até ter a aptidão para ingressar na São Francisco ou na FFLCH, mas isso redundaria em nada”, explicou a docente.
José Batista Dal Farra Martins, o “multiartista”
Nas palavras de Elisabeth Silva Lopes, colega do CAC, Zebba é um "multiartista": escritor, músico, violonista, compositor, cantor, diretor musical, ator, encenador, produtor e administrador de grupos teatrais são algumas de suas facetas. Como docente do CAC, tornou-se “figura emblemática do departamento”, lembrou Lopes, destacando os 12 anos à frente da coordenação do curso de Artes Cênicas, liderando um debate amplo e aberto sobre projeto pedagógico e inovações no currículo. “Aprendi muito com o Zebba: de música, de voz, de ritmo, de vida.” As palavras do professor Zebba ganharam ritmo e som, em uma breve apresentação de uma de suas composições, o “Joelho da Universidade”: Marco Antônio da Silva Ramos e a "alegria de fazer música"
Edelton Gloeden, professor de violão do CMU, falou sobre a importância de Marco Antonio para o ensino de canto coral, tendo desenvolvido em seus anos à frente do Comunicantus uma metodologia hoje adotada por universidades de todo o Brasil. Na área administrativa, entre outros trabalhos, destacou a atuação do docente na presidência da Comissão de Relações Internacionais (CRInt), de 2008 a 2013, em que se observou o crescimento expressivo dos intercâmbios internacionais na ECA. “Não é fácil. Nessa trajetória de professor e artista, nós estamos sempre sendo colocados à prova. E eis que o professor Marco Antônio sempre surge, em momentos críticos, com uma palavra de otimismo e alegria de fazer música”. "Eu tenho uma história de Comunicações e Artes: embora eu seja um artista e professor de artes, eu tenho uma parte do meu coração tremendamente ligado à área de comunicações", lembrou o professor Marco Antonio ao citar os mestres que contribuiram para a sua formação na ECA e para torná-lo, em suas palavras, "um pensador da música". Das memórias do passado aos dias de hoje, o docente falou ainda sobre os desafios do ensino de canto coral à distância. Apesar das dificuldades e do aumento da carga de trabalho, o docente acredita que o ensino remoto enriqueceu o processo de ensino e aprendizagem e as trocas entre estudantes e professores. "Os alunos sabem de tecnologia muito do mais do que a gente. Eles estão aprendendo com os nossos ouvidos e os nossos ouvidos estão aprendendo junto com eles." Confira um pouco do trabalho do professor Marco Antonio e sua equipe nesta quarentena no Canal do Comunicantus no Youtube.
Texto: Verônica Cristo Imagem do destaque: montagem com prints do Google Meet e fotografias de arquivo de Mayra Rodrigues Gomes e Adilson Odair Citelli, realizada por Verônica Cristo
|
|||