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Artigo da revista Organicom reflete sobre a romantização de ofertas de emprego que exploram o trabalhador Nos últimos tempos, o termo “empreendedorismo” passou a ser usado frequentemente para referir-se à novas modalidades de trabalho e a uma alternativa possível para o desemprego no país. Contudo, tais expressões vêm carregadas de outros significados que nem sempre correspondem a ser dono do próprio negócio e, por vezes, encobrem situações precárias que afetam o trabalhador. Este e outros temas são objeto de análise no artigo O discurso do empreendedorismo e inovação nas relações de trabalho: um estudo de Vagas Arrombadas, de Daniel Reis Silva e Fábia Pereira Lima, publicado na última edição da revista Organicom, periódico do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP). Com a crise econômica que já dura mais de quatro anos e o desemprego atingindo mais de 12 milhões de brasileiros, muitos acabam por optar pelo trabalho autônomo. Esse tipo de ocupação é diferente de possuir o próprio negócio, mas hoje está em voga um discurso que afirma que tais modalidades de trabalho se equivalem. Surgem então vagas que intensificam a exploração do trabalhador. São os anúncios desse tipo de trabalho, com atribuições que muitas vezes chegam ao absurdo, que a página Vagas Arrombadas destaca de forma irônica e descontraída, mas também com ar de denúncia. Ao estudar estes anúncios, os autores buscaram compreender como "as empresas articulam e naturalizam (e, em certa medida, romantizam) aspectos valorativos acerca da evolução do conceito de trabalho na sociedade contemporânea [...] de forma a revelar elementos da precarização das relações trabalhistas".
Além da constante associação entre empreendedorismo e sucesso certo, os autores destacam uma espécie de mitologia que se constroi em torno da figura do empreendedor, marcada pelo pioneirismo e pelo espírito de sacrifício: “percebe-se que os valores ligados à noção de empreendedorismo (como meritocracia, inovação, risco) – e a figura do empreendedor como uma espécie de herói popular, que encara o futuro incerto e 'vence na vida' – é central nessa nova dinâmica social. O sucesso aparece como o resultado do esforço de quem arrisca inovar, de modo que os sujeitos são incitados a empreender por conta própria em start-ups ou mesmo a investir nas ideias de quem está nelas se arriscando (para isso, devem ter 'mentalidade de dono', não trabalhando apenas pela recompensa financeira) – já que, com sorte, estarão fazendo parte de um grande, criativo e inovador negócio”, afirmam Silva e Lima. Além deste artigo, a revista traz outros textos sobre o tema, e, um dossiê da maior relevância na atualidade: Inovação e empreendedorismo em comunicação. Usando a metáfora da onda, podemos dizer que este número de Organicom vem para trazer novas visões sobre a vastidão do oceano da inovação e do empreendedorismo. O assunto não é novo, mas demanda visões diferenciadas sobre os processos que estão ocorrendo. Acesse aqui a revista na íntegra.
Sobre a Revista Organicom
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